RESIGNAÇÃO CRISTÃ
RESIGNAÇÃO CRISTÃ
Hoje irei compartilhar um sermão que Charles Spurgeon preparou iluminado pelo Santo Espírito em 1859, portanto 162 anos atrás, utilizando um título que também nos soa um tanto quanto ultrapassado e que nós não ouvimos muito falar: a Resignação Cristã. Procurando no dicionário, encontrei 2 definições que podemos aplicar bem: Resignação: Aceitação sem revolta dos sofrimentos da existência e submissão a vontade de alguém ou ao destino. Spurgeon utilizou para defender suas convicções sobre a resignação cristã a parte “b” do versículo de Mateus 26:39 – “Não seja como eu quero, mas como Tu queres”
O Contexto desta passagem conhecida é a Oração que Jesus faz no Getsêmani, ou Jardim das Oliveiras. Antes de ir lá orar, ele havia acabado de celebrar a páscoa com os discípulos, haviam cantado um hino e então Ele se retirou para orar. Após isso, Ele seria preso e colocado perante o Sinédrio para ser ouvido pelo Sumo Sacerdote Caifás e então entregue à Pilatos para ser julgado e condenado. Quando Ele estava orando repetiu 3 vezes a mesma oração: “Se possível passe de mim esse cálice (o cálice da ira de Deus), contudo não seja como eu quero, mas como Tu queres”. Este texto não demonstra em hipótese nenhuma um Jesus indeciso, com medo, com pecados, mas um Jesus que na sua forma humana, sabia que era necessário sofrer, mas que o sofrimento que passaria, o pior sofrimento de todos (levar sobre si a Ira de Deus) seria um momento doloroso e difícil, e nos ensinou, nos deixou o exemplo que mesmo nestes momentos, precisamos nos submeter, nos resignar de forma santa à vontade de Deus. Assim, vejamos 3 aspectos que Spurgeon nos deixou como ensinamento ao comentar essa passagem neste sermão, tão antigo, mas que pode ser aplicado à nossa vida atual:
1) Qual o significado desta oração;
2) Quais as razões para procurarmos ter o Espírito Santos para desenvolvermos a mesma disposição na nossa mente e coração para orar como Jesus orou;
3) Quais os efeitos de dizer e sentir: “Não seja como eu quero, mas como tu queres”
O Primeiro item então é saber qual o significado desta oração: Esta oração é para crentes verdadeiros, que pedem em oração (portanto oram) por coisas que já passaram pelo filtro do: É bom, de bom grado, puro e santo, pois vemos o próprio Jesus fazendo essa oração, portanto, não é possível imaginar que Ele fizesse qualquer oração em desacordo com a vontade de Deus, porém mesmo nesses casos, onde a nossa oração, nosso desejo é agradável a Deus e santo, mesmo assim, Ele pode nos dizer não! Quantos de vocês não tinham planos para esses anos de 2020 e 2021 que eram justos e santos? Não queriam participar de congressos, intercâmbios de igreja, participar de coral, ser professor de EBD ou até participar de algum projeto com missões? Sem falar daquilo que já era ordinário: estudar, se relacionar com os amigos, trabalhar, tirar a carta de motorista, quantos sonhos “normais e santos” que não foram possíveis de fazer, no entanto, vocês tiveram que participar de aulas de EBD com 4 ou 5 pessoas, consolar algum amigo que perdeu os pais ou orar por uma igreja que já não é a mesma! O entendimento aqui, deve ser que Deus pode nos chamar, não para fazer coisas grandiosas e à vista de todos, mas trabalharmos em sofrimento para honra e glória do Senhor. Spurgeon diz: “Se realmente adotarmos essa oração, significa que estaremos preparados para sofrer ao invés de servir e que estaremos tão dispostos a ficar atrás das trincheiras quanto a escalar muralhas, isso é difícil para a carne e para o sangue, mas devemos fazê-lo, caso apresentemos essa petição” Agora vejamos o ponto
2: Razões para procurarmos o Espírito Santo:
Razão 1 – Diz respeito a uma questão de Direito: Deus deve fazer o que lhe agrada em qualquer momento, enquanto eu não devo fazer o que quero toda vez que o meu desejo for contrário ao dele. Toda vez que minha vontade estiver em oposição aos propósitos da vontade de Deus, é justo que a minha vontade se renda à vontade dele. Ele é o oleiro, eu sou o barro.
Razão 2 – Diz respeito a Sabedoria de nossa parte: Se pudéssemos realizar nossa própria vontade, isso seria a pior coisa no mundo para nós, mas deixar Deus fazer sua vontade é um ato de sabedoria, eu desejo minha própria felicidade, mas Deus deseja a Sua Gloria e também a minha felicidade! Se sabemos o significado e as razões para procurarmos orar como Jesus, quais são os efeitos disso em nossas vidas?
Efeito 1 – Felicidade permanente: Se quisermos descobrir a maioria das nossas tristezas, basta olharmos para nossa própria vontade, quanto nossa vontade está subjugada a fazer a vontade de Deus, mas quando nos submetemos verdadeiramente, o amargo se torna doce e a dor é convertida em prazer, o sofrimento em alegria.
Efeito 2 – Santa coragem e bravura: Se minha mente está totalmente resignada à vontade de Deus, o que tenho a temer com todo o mundo? Na pode acontecer conosco que seja contrário à vontade de Deus e se for a vontade de Deus também será a minha vontade. Essa resolução tende a tornar todos os deveres leves, todas as provações fáceis e todas as tribulações doces. Nunca vamos achar que é difícil servir a Deus.
E como podemos conseguir orar desta forma e conseguir esses efeitos em nossas vidas?
Através do próprio Deus, do próprio Cristo que nos deixou o Espírito Santo. Quando o Santo Espírito habita em nós, Ele nos conduz a uma Santidade, pois se tentarmos por nossas forças, por exemplo, nos abnegando de sonhar para manter uma “baixa ambição”, vamos perceber que nossa motivação é impura, tentamos controlar nosso orgulho com modéstia mas vemos que mesmo em nossa modéstia há falhas, nos orgulhamos de ser modestos!!!!
Portanto, somente a ação do Espírito Santo derramado sobre nós pode nos transformar. A ação graciosa do Espírito Santo age em nós nos dando a Salvação e cabe a nós a busca pela santificação, ler a bíblia, orar, meditar na Palavra, praticar os ensinamentos de Cristo, viver a vida, todos os dias, abrindo mão do “eu” para abençoar vidas e assim, glorificar a Deus.
Eu sempre digo: Deus não precisa de nada que vem de nós, mas Ele nos dá o Evangelho para abençoarmos outras vidas, para a Gloria de Deus e isso inclui resignação à vontade do Pai. Que possamos incluir no “vocabulário de nossas vidas” essa palavrinha que aparentemente está em “desuso” mas que nunca saiu do Vocabulário do Senhor! Que possamos orar todos os dias: “Não seja como eu quero, mas como tu queres”
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